segunda-feira, 24 de março de 2014

Uma inspiração...


Ode ao gato (Pablo Neruda)

 

imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, voo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.



O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento ao rato vivo,
da noite até seus olhos de ouro.


Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma só coisa
como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de um navio.
Seus olhos amarelos
deixaram uma só
ranhura
para jogar as moedas da noite.


Oh pequeno
imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando,
desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.


Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um
desaparecido veludo,
seguramente não há
enigma
na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertences
ao habitante menos misterioso,
talvez todos o acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gatos, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos
do seu gato.



Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço ao gato.
Tudo sei, a vida e seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica,
o gineceu com seus extravios,
o por e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casaca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
o seu olho tem números de ouro.





(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Original http://www.neruda.uchile.cl/obra/obranavyregresos2.html

quarta-feira, 19 de março de 2014

19 de Março - Dia de São José

Homenagem especial a São José por seu dia!

Catequese do Papa Francisco publicada hoje na Rádio Vaticano:
http://www.acidigital.com/noticia.php?id=26861

Oração a São José:
http://www.vidacrista.org.br/oracao-a-sao-jose


São José com o Menino Jesus. Escultura feita em cedro por artesãos peruanos. Igreja San José de Mayorazgo - Lima - Perú. 


Música Simplesmente José - P. Fábio de Melo


terça-feira, 18 de março de 2014

Arte em Paraty



         Em 2011, por ocasião de férias do trabalho, fui conhecer Paraty junto com uma grande amiga. Foi uma viagem organizada às pressas, de última hora, mas valeu a pena. Posso dizer que foi amor à primeira vista. Paraty é uma cidade aconchegante, cheia de beleza natural especialmente por reunir o verde da Mata Atlântica e a beleza das praias. Além disso é  uma importante cidade histórica do Brasil. Até hoje não circulam carros em seu Centro Histórico e em suas ruas foram conservadas as pedras "pés de moleque" do período colonial. Paraty teve importante participação econômica no Brasil Colônia por seus engenhos de cana-de-açúcar e também é conhecida por produzir boa aguardente. Pensei em várias formas de apresentar essa cidade através de minhas fotos. Elegi um tema que, na minha opinião, descreve bem a cidade: artistas que constantemente estão procurando seu espaço nessa encantadora cidade. Espero que as fotos despertem em você o desejo de conhecer Paraty!



Escultura inspirada no quadro "Abaporu" de Tarsila do Amaral. 
http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm



Artesanato local - Centro Histórico de Paraty.

 
Caricaturista no Centro Histórico. Curiosidade: a primeira caricatura do Brasil foi uma charge política publicada em 1837 de autoria de Manuel de Araújo Porto-Alegre.


Espetáculo "Memórias de um Tigre de Circo". Produção: Grupo Contadores de Estórias e Teatro Espaço.


Banda Octopus Brass Band de Paris - França. Encontramos esses jovens parisienses 
tocando em meio ao Centro Histórico da cidade e foi impossível não para para ouvir. 
Me lembro como se fosse hoje. Encontrei um vídeo com a apresentação desse dia:
 http://www.youtube.com/watch?v=COxo8jaTbts.



Artes Visuais na Praça da Matriz - Contemporânea Art Paraty 2011. 

Quadro de Ana Sierra. Segundo a artista, a bicicleta é um símbolo de vida boa e liberdade.https://www.facebook.com/anasierra.arteparaty?fref=ts



Homem de Lata.








Para hospedagem recomendo a Pousada Recanto da Ladeira. 
Um lugar simples, acolhedor e com bom preço! 
E ainda fica pertinho do Centro Histórico.